sábado, 16 de março de 2013

SER PROFESSOR DE BEBÊS: experiências, desafios e muitas aprendizagens

MARIA MARA MIRANDA RODRIGUES
maria-mara@hotmail.com

“A tarefa dessa pedagogia da pequeníssima infância é articular dois campos teóricos: o do cuidado e o da educação, assegurando que cada ato pedagógico, cada palavra proferida tenha significado [...]”
Maria Carmem Silveira Barbosa, 2010, p.6.
Trabalhar com classes de bebês é, com certeza, uma experiência fundamental para qualquer professor que leciona na Educação Infantil. Mas, como toda nova experiência, vem carregada de aprendizagens e desafios também. Para realizar um trabalho de qualidade nas salas de berçário é importante, dentre outros quesitos, que o professor tenha um olhar atento e diferenciado, buscando uma relação de cumplicidade com os bebês e procurando acolhê-los em suas diferentes necessidades. 

Quando fui convidada a fazer parte da equipe de professores do berçário, senti muita insegurança e ao mesmo tempo muita alegria, afinal seria a primeira vez que iria trabalhar com esta faixa etária. Naquele momento me vi cheia de inquietações, e vários questionamentos me passaram pela cabeça: “o que fazer com bebês tão pequenos?”; “qual o papel do professor de berçário? Trocar fraldas, dar mamadeira, ser um pouco mãe dos bebês?” 

Estas e outras dúvidas foram sendo esclarecidas quando comecei a estudar sobre o tema. Busquei em diferentes teóricos o apoio necessário para iniciar o trabalho com os bebês. Além disso, visitei inúmeros blogs, li e reli várias reportagens que tratavam de crianças pequenas, além de realizar conversas informais com os pais dos bebês e funcionárias da instituição que já lecionaram para esta faixa etária.

Um dos referenciais que me pautei para o trabalho com bebês, foram os estudos feitos por Barbosa (2010) os quais contribuíram significativamente neste processo de descobertas sobre o papel do professor de berçário. Em um de seus artigos, ao esclarecer sobre as especificidades dos bebês, a autora destacou que: 

Os adultos são responsáveis pela educação dos bebês, mas, para compreendê-los, é preciso estar com eles, observar, “escutar as suas vozes”, acompanhar os seus corpos. O professor acolhe, sustenta e desafia as crianças para que elas participem de um percurso de vida compartilhado. Continuamente, o professor precisa observar e realizar intervenções, avaliar e adequar sua proposta às necessidades, desejos e potencialidades do grupo de crianças e de cada uma delas em particular. A profissão de professora na creche não é, como muitos acreditam, apenas a continuidade dos fazeres “maternos”, mas uma construção de profissionalização que exige bem mais que competência teórica, metodológica e relacional (p.6). 

Como é possível perceber, o papel do professor de berçário é extremamente amplo, pois para exercê-lo é primordial que o educador se envolva afetivamente com os pequenos, transmitindo-lhes segurança, carinho e respeito. Para trabalhar com os bebês o primeiro passo aprendermos a observá-los. 

Assim, em meus primeiros contatos com os bebês, procurei voltar meu olhar às suas diferentes maneiras de interagir com seus pares, com os adultos e também com o meio no qual estão inseridos. Percebi que cada gesto deles tem um significado diferente: alguns choram apontando para a mochila o que nos indica que podem estar querendo ir embora; outros imitam nossas falas, balbuciando ou cantarolando. Alguns bebês gritam quando querem algo que o outro pegou. Até mesmo as diversas formas de chorar podem nos dar indícios de manha, dor ou insegurança por parte dos bebês. 

Enfim, são inúmeros os gestos e situações que os pequenos fazem visando comunicar aos adultos suas necessidades e desejos. Neste sentido, é fundamental que o professor esteja atento a esses diálogos e formas de comunicação, entendendo melhor os bebês com quem convive.
Para poder compreender e comunicar-se com um bebê pequeno, é preciso observar. É por meio de diferentes técnicas de observação ―, dirigida, natural, com o uso de máquina fotográfica ou de filmagem ― que nos aproximamos do modo como as crianças se relacionam com o mundo e com as outras crianças, produzindo suas vidas. Como não utilizam a palavra falada, é geralmente pela observação crítica, atenta e contínua das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano que o professor acessa os sentimentos e questionamentos das crianças. (BARBOSA, 2010, p.10).

Outro ponto de aprendizado podemos encontrar quando tirarmos proveito de todas as situações cotidianas realizadas com os bebês. Um exemplo disso foi quando, durante o banho, comecei a ensaboar e a conversar com o bebê. A minha intenção era estreitar os laços com ele, transmitindo afeto e segurança. Ele me observava atentamente, e quando falei: “vamos lavar o pé?” e peguei seu pezinho, logo o mesmo levantou o outro e balbuciou: “pé”. 

Fiquei maravilhada com a situação e explorei da melhor forma possível. Ele repetiu a brincadeira por mais algumas vezes até se cansar e começar a perceber a espuma que escorria por sua barriga. Tão grande foi  a minha surpresa quando ele pegou a espuma da barriga e tentou colocar dentro de um pote, buscando em seguida, colocar o pé dentro, para “ensaboar também”, como eu estava fazendo. Isso tudo é desafio, é experiência, é aprendizado.

Barbosa (2010) ainda destaca a necessidade de pensarmos e planejarmos o ambiente dos bebês. Sendo assim, é primordial organizarmos o espaço dos pequenos, de modo a permitir que os mesmos se sintam seguros e desafiados, espaço este que aguce suas curiosidades, permitindo que explorem e manipulem diferentes objetos e coisas, pois “[...] quando os espaços nas escolas estão bem planejados, o professor deixa de ser o único foco de atenção das crianças, e o próprio ambiente chama as crianças pequenas a diferentes atividades” (BARBOSA, 2010, p. 8). 

Neste sentido, uma das tarefas do professor de berçário é garantir um ambiente agradável, repleto de possibilidades e desafios. Pensando sobre esta questão, propus espaços diversificados na sala dos bebês. Um cantinho para fantasias, com roupas, espelho e diferentes adereços: óculos, chapéus, máscaras e tiaras.
 

Outro espaço criado foi o da bebeteca, com livros resistentes, como os de pano e de banho, pensados especialmente para atender a esta faixa etária.

Disponibilizei ainda para este cantinho algumas almofadas, colchonetes e um tapete, elementos estes que garantiram um ambiente mais aconchegante durante as rodas de histórias.

No espaço onde os bebês ficam também deve ter um local onde possam colocar seus pertences, uma vez que “[...] quando as crianças ficam muitas horas num espaço de vida coletiva, é interessante que se institua um lugar para colocar as coisas que vêm de casa, como as fotos da criança e da família, os brinquedos e outros objetos que criam um “oásis” de singularidade na vida e no espaço coletivo” (BARBOSA, 2010, p.8). 

 
Como minha sala é bem pequena, todo o espaço teve que ser pensado e planejado de forma minuciosa. Foi então que resolvi montar alguns kits, os quais podem ser utilizados em diferentes espaços, seja dentro ou fora de sala, além de ocuparem pouco espaço.

Assim, montei o kit cozinha, com panelinhas, colheres, copos, fogões, tampas e materiais reciclados como potes de manteiga, de massa de tomate e de requeijão. O kit parque com peneiras, potes, bacias, pazinhas, rastelos, funil e outros objetos que podem ser explorados em contato com a areia. Para o kit piscina decidi colocar balões, brinquedos infláveis, bolas coloridas, copinhos de plástico, etc. O kit brinquedos foi separado com bonecas, carrinhos, ursinhos e uma infinidade de objetos infantis.

A ideia de usar os kits é com certeza, uma boa opção para quem não tem um espaço adequado para montar os ambientes temáticos em sala. Eles podem ser montados em caixas, baús ou cestos que permitem guardar e separar cada objeto a ser utilizado em determinado momento ou local.

Além disso, à medida que vão sendo explorados, os kits podem ser substituídos por outros, como kits de bolas de diferentes cores e tamanhos; kits de supermercado com calculadoras e embalagens vazias; kits de beleza com maquiagem de criança, pentes variados, escovas, espelhos, embalagens vazias de esmalte, secadores de cabelo, kits musicais com violão, flauta, chocalhos, entre outros.

Neste sentido, pensar na organização do espaço é uma das principais tarefas do professor de bebês, visando “[...] criar um ambiente onde as crianças possam viver, brincar e ser acompanhadas em suas aprendizagens individualmente e também em pequenos grupos”.(BARBOSA, 2010, p.8).É fundamental, portanto, cautela na hora de escolher os objetos que estarão disponíveis nesses espaços, garantindo segurança aos bebês.

Além disso, torna-se necessário pensar nos diferentes espaços dos bebês e não apenas no espaço da sala, garantindo aos pequenos o contato com diferentes ambientes: parque, áreas externas, refeitórios e os mais diversos espaços da instituição que atende à primeira infância.




O tempo das crianças pequenas também deve ser respeitado e garantido dentro das instituições de Educação Infantil. Para Barbosa (2010) o tempo é uma das especificidades do trabalho com bebês e deve ser valorizado, pois cada um tem seu tempo para brincar, dormir, comer.

O professor tem que estar atento a este aspecto, uma vez que “[...] as crianças pequenas, especialmente os bebês, têm a árdua tarefa de compreender e significar o mundo e precisam de tempo para interagir, para observar, para usufruir e para criar” (BARBOSA, 2010, p. 8-9).

Enfim, ao discutirmos sobre o papel do professor de berçário, podemos aqui elencar diferentes etapas importantes a serem pensadas por estes profissionais, visando garantir aos pequenos uma educação que contemple suas necessidades.
 
Entretanto, por mais ampla que seja esta função, é fundamental que o professor busque estudar, observar, registrar e amar..., pois esses são alguns dos verbos que deverá conjugar sempre que estiver trabalhando com os bebês. É necessário que contemple em suas ações o cuidar e o educar de forma indissociável e, acima de tudo, que seja sensível à beleza desses pequenos que muito têm a nos ensinar.

Neste viés, torna-se necessário que o professor experimente novos caminhos, desafie seus limites saindo do comodismo e, acima de tudo, se permita aprender com os bebês, em um espaço de constante trocas de conhecimento.


REFERÊNCIA:

BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Especificidades da ação pedagógica com os bebês. ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais, Belo Horizonte, novembro de 2010.






Observação: Ao utilizar este artigo, favor colocar a devida referência:

RODRIGUES, Maria Mara Miranda. Ser professor de bebês: experiências, desafios e muitas aprendizagens. Disponível em: <http://compartilhandosaberesdapos.blogspot.com.br/search/label/ARTIGO> acesso em (colocar data de acesso).

sexta-feira, 8 de março de 2013

DECORAÇÃO DE SALA PROFESSORA SIMONE

DECORAÇÃO DE SALA.

olá pessoal, estamos postando a decoração da sala da professora Simone que lecionar na pré escola 1.
é uma decoração simples mas feita com muito carinho para tornar a sala de aula um lugar prazeroso para as crianças. esperamos que vocês gostem.
cartaz da rotina que é extremamente importante para situar as crianças do que acontecerá no dia

cartaz do aniversariante.

cartaz do calendário.

alguns potes

ficou faltando o cartaz da porta que esqueci de tira foto mas na proxima postaremos.
em breve estaremos postando algumas atividades realizada com a pré escola.
bjos e um otimo final de semana.

terça-feira, 5 de março de 2013

DECORAÇÃO DE SALA 2013 - continuação

Conforme prometi, estou postando as fotos de minha sala de aula, com a decoração deste ano.










 cartaz da porta do banheiro: bebê marinheiro


 cantinho da fantasia
faixa do banheiro decorada com TNT e EVA

********************* PROFª MARA *************************